Dor no peito pode ser doença do esôfago e não do coração!
31 de março de 2021Sedentarismo, o mal do século
31 de março de 2021Os adolescentes hoje são os nossos futuros pacientes. Essa é a conclusão a que nós, cardiologistas, chegamos devido ao alto índice de consumo de energéticos por este grupo. Os energéticos estão se tornando tão habituais que em algumas festas infantis ou infanto-juvenis vem sendo servidos como uma opção ao refrigerante. E cada vez mais isso é visto e confirmado quando perguntado a alunos de escolas particulares da grande cidade de São Paulo.
O nosso objetivo aqui é chamar a atenção não apenas dos pais e da sociedade em geral mas, em especial, do próprio adolescente.O energético aqui em questão é resultado de uma mistura de açúcar com vitaminas, guaraná, ginseng e cafeína. Nesse tipo de bebida, a concentração da cafeína é equivalente a oito vezes a dose de um cafezinho de 30 ml, sendo que um cafezinho equivale a 12 mg de cafeína.
É importante salientar que o café é tóxico para o organismo quando o adulto consome mais do que 400 mg ao dia, o adolescente 100 mg e a criança menor de 12 anos 2 mg∕kg. Esses dados são suficientes para estimular a restrição do consumo entre crianças e adolescentes.
Nessa faixa etária, em especial, encontramos com frequência os efeitos colaterais do uso desta bebida, entre eles cáries, diabetes, alteração renal, pressão alta, arritmias, convulsão, aumento da agressividade e ansiedade, dor de cabeça, dor no estômago. Isso explica porque cada vez mais os jovens adolescentes estão envolvidos em conflitos físicos com repercussão para o resto de suas vidas. Os efeitos ilusórios da bebida, como inibição do sono, energia, vigor e melhora da atenção, exercem forte atração sobre crianças e adolescentes que passam a usá-la em disputas e jogos e em baladas e competições respectivamente.
A grande questão é: Esse estímulo é necessário já nessa idade? Sendo assim, então o que será necessário com mais idade? Cigarro, álcool, drogas? Por mais que as indústrias (ABIR- Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e bebidas não alcóolicas) reafirmem que o produto não faz mal, e por isso não há restrição para a idade, lembramos que é a quantidade e a pré-disposição para doenças que aumentam a incidência dos seus efeitos e riscos. Existem adolescentes que tomam esse produto de forma generalizada durante jogos de vídeo game e campeonatos para conseguirem ficar acordados horas a fio.
Não podemos esquecer que em crianças e adolescentes o metabolismo do café é lento; então, isso pode gerar e antecipar muitas doenças futuras, inclusive as do coração.
Eis que surge o primeiro passo para acessar outros estimulantes e dentre esses, quando associado ao álcool, a perda do controle é total; afinal, o energético irá confundir o próprio cérebro com a depressão do álcool e com o estimulo do energético e é exatamente aí que reside o maior perigo: a sensação de confiança, de coragem e de perda do próprio sentido de cognição e de reflexos.
Na Lituânia foi proibida a venda e o consumo para menores, que ficam sujeitos a pagamento de multas equivalentes a 400 reais, com base nos resultados adquiridos em estudo de alta incidência de dependência desses adolescentes, bem como de hiperatividade.
Como não conseguimos mudar esta normativa em nosso pais, aconselho a todos que conversem com seus filhos e expliquem que este tipo de bebida não vale a pena já que seus efeitos são tão maléficos quanto os apresentados pelos refrigerantes, outro item que merece toda a nossa atenção.
A sua ajuda é fundamental para que possamos mudar esse perfil do nosso futuro e já atual paciente.